O locutor usou o resto de suas cordas vocais para anunciar "A presidenta do Semiárido", para multidão de 50 mil pessoas que estavam nas proximidades da Catedral - Sagrado Coração de Jesus, baixinha, com uma roupa laranja, Dilma pega o microfone e diz "Me sinto muito bem vinda no semiárido".
A viajem para ver a presidente começou ás 6 horas do dia 20, passamos a noite de segunda e a madrugada de terça viajando rumo a Pernambuco, mais de doze horas depois estávamos em Petrolina - PE em um posto de gasolina. A parada serviu para despertar com banho, levando em conta a noite mal dormida. Logo seguimos para Juazeiro da Bahia e chegamos a ponte Presidente Dutra que liga as duas
cidades e os dois estados, mas uma multidão, na sua maioria vermelha, vinha de encontro ao nosso ônibus, decidimos descer para acompanhá-los durante a caminhada de um quilometro e meio, dois trios elétricos animavam os militantes pró Dilma.
Na ponte ainda restavam sequelas dos protestos de julho de 2013, uma pichação dizia "Não temos partidos apenas somos brasileiros!!!" assim mesmo com três exclamações. Saindo da ponte um grupo de trabalhadores da construção civil, em cima de um prédio de 30 andares, começaram a acenar para multidão, que retribuiu o gesto, acenando e gritando, uma cena poética e a mais marcante da viagem.
Nosso grupo de umas 40 pessoas, sendo 10 de Piquet Carneiro e os outros dos municípios vizinhos. Toda programação foi organizada pela ASA Brasil - Articulação no Semiárido Brasileiro, em uma parceria com ONG's, sindicatos e entidades ligadas a convivência com o semiárido. Entre elas o Centro de Defesa Antônio Conselheiro de Senador Pompeu e o sindicato dos Trabalhadores Rurais de Piquet Carneiro.
A região levou uma pequena cisterna para reivindicar a distribuição só cisternas de placas. Uma clara cutucada na presidente, que na corrida para entregar as cisternas de maneira mais rápida, criou o projeto de cisternas de polietileno, que foram rechaçadas pelos movimentos sociais, que preferem as de placa devido a oferta de emprego (para pedreiros) e a qualidade da mesma, enquanto a de polietileno já vem pronta.
A ASA demostrou um poder de articulação e a logística para colocar 50 mil pessoas em Petrolina. Os militantes vieram de nove estados do nordeste, com um grupo vindo do vale do Jequitinhonha de Minas Gerais.
Chegamos a Catedral. Um casal de locutores faziam a animação, que depois tiveram a ajuda de mais dois. Dois grafiteiros faziam um desenho ao lado do palco, o tema era a seca, com uma mulher carregando uma lata d'agua na cabeça e um sinal de proibido em cima da figura, abaixo escrito "nunca mais", ao lado, uma casa simples com uma cisterna de placa. No material de propaganda a hashtag #PELOSEMIÁRIDO era usada para atingir as redes sociais. Esperamos umas duas horas até o grande momento. Segundo alguns militantes a demora tinha sido causada por Dilma ter ido gravar para seu último programa na ponte, mas nada foi confirmado. Uma militante dos Movimentos Sociais do Piauí, estado que deu a maior percentagem pra a presidente, disse “Por coincidência ou não, eu moro em uma casa do Minha Casa Minha Vida, e estou fazendo Mestrado em Geografia…”. Dilma fez questão de ir a todos os lados do palco, e até assustou alguns quando foi para um cantinho estreito só para acenar para os eleitores da direita do palco.
O tom de Dilma muda quando está no palanque, mas ainda é inevitável os intervalos silenciosos que faz. O Governador Jaques Wagner estava ao seu lado. Jaques acabou de sair, pela terceira vez, vitorioso na Bahia no primeiro turno, conseguindo deixar seu sucessor Rui Costa no Governo. Dilma criticou o PSDB e disse "Os tucanos disseram que meus votos... aqui no nordeste, tinham sido de gente ignorante..." se referindo a declaração de Fernando Henrique Cardoso. Ainda citou as um milhão de cisternas implantados com ajuda da ASA no Nordeste.
Mais doze horas de muitos intempéries e sem banho, com direito a 36 quilômetros de carro aberto na carroceria, e estamos em casa. Ufa!
Por Denison Vieira
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